Os homens desta geração são como crianças (Lc 7,31-32), disse Jesus há séculos atrás, mas são palavras que continuam válidas para os nossos tempos. Ressoam nos nossos ouvidos histórias que narram as gestas heroicas daqueles casais que receberam o sacramento do matrimônio muito jovens, ela com quatorze anos e ele com dezesseis, e viveram juntos por sessenta anos. Comentava-se também que aquele sacerdote tinha cinquenta anos de vida sacerdotal ou aquela religiosa estava no convento há quarenta anos. Mas por que essas histórias parecem gestas heroicas? Porque exigem sacrifício, maturidade e são cada vez mais raras.
Quando eu tinha dez anos, nunca ouvi dizer que um padre deixara a batina ou que uma freira tinha abandonado o convento. Se bem é verdade que hoje em dia a maioria dos padres não deixam a batina porque não a usam, também é verdade que a desistência do sacerdócio é bastante alta nas mais diversas dioceses. Religiosas que abandonam os conventos também conhecem números elevados. Nem digo nada de casais que se separam, pois os casos multiplicam-se como metástase.
Falta maturidade! Precisamos adquirir mais capacidade de viver conforme a idade que nós temos. Não podemos ser pessoas com síndrome de Peter Pan e sempre em busca da Terra do Nunca. Há pessoas que parecem eternas crianças e por isso nunca conseguem nada. Falta-lhes segurança, choram por qualquer coisa, sentem-se magoados pela ofensa mais insignificante, afundam-se quando uma palavra mais forte lhes é dita, enfim, não têm estabilidade de ânimo e são incapazes de qualquer decisão séria na vida. Esses pobres Peter Pans passam a vida discernindo sem jamais chegar a resoluções existenciais fortes.
O que fazer? Precisam lutar para suportar os outros com paciência, devem se esforçar para se alegrar com as coisas boas que os outros conseguem, precisam parar de buscarem-se constante e vaidosamente. Essas pessoas devem ser conscientes de que pisar nas pessoas, dando-lhes respostas ásperas e orgulhosas, não é o caminho. Os imaturos precisam estar atentos para não se alegrarem com coisas feias, pecaminosas e tolas. Outra coisa muito importante é tomar pequenas decisões para que sejam capazes de guiar a vida rumo à estabilidade vocacional. Nesse sentido, uma leitura atenta e meditativa do hino da caridade (1 Cor 13) oferece muitas dicas.
Mais concretamente, uma pessoa que percebe que é como criança apesar de sua idade deve fazer uma lista de defeitos imaturos e conversar com uma pessoa pela qual tem estima e lhe seja superior pelas virtudes, talvez um confessor, um diretor espiritual. Um imaturo não pode pretender ser maduro imediatamente em todas as coisas. Meu conselho é que lute contra um defeito por mês. Por exemplo, neste mês vou lutar contra a minha insegurança e vou tomar pequenas decisões no que se refere a coisas da minha vida espiritual e do meu trabalho. No próximo mês, poderia aplicar uma luta dedicada contra o complexo de inferioridade e fazer o pequeno propósito de agradecer várias vezes por dia ao bom Deus que lhe dá tantos benefícios.
Desejo a você que alcance a idade que, de fato, você tem. Não podemos ser eternas crianças, incapazes de julgar de maneira real o que está acontecendo conosco e em torno de nós. A maturidade manifesta-se de maneira muito especial pela virtude da prudência, que é, precisamente, a capacidade de julgar retamente e, consequentemente, atuar com critério.
Pe. Françoá Costa
20 de setembro de 2023
padrecosta2033@gmail.com